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Council for the Development of Social Science Research in Africa

       

       

CODESRIA Bulletin No 3 & 4, 2007

Este número especial do Boletim do CODESRIA é uma homenagem ao Professor Joseph Ki-Zerbo, falecido a 4 de Dezembro de 2006 em Ouagadougou (Burkina Faso). Joseph Ki-Zerbo representava um dos intelectuais-cidadãos mais ilustre de África. Historiador universitário de primeira categoria, pan-africanista ao longo de toda a sua vida por instinto e por escolha, militante implacável a favor da mudança social e da justiça social, defensor incansável da independência colectiva africana, docente de pelo menos três gerações de investigadores africanos em ciências sociais, fonte de inspiração inesgotável para muitos que tiveram a sorte de se encontrar com ele, um grande exemplo de altruísmo para a comunidade, Iroko gigante, rei da floresta tropical, mantendo a cabeça erguida na dignidade e na majestade. Este é, em quinta-essência, Joseph Ki-Zerbo que, após uma estadia de 84 anos entre nós, foi-se agora embora, deixando as suas marcas indeléveis na areia do tempo – de todos os tempos – e lançando-nos um desafio em honra da sua memória, para agarrar o testemunho com coragem e engajamento até que a África esteja toda libertada.

Nascido de um pai com a reputação de ter sido o primeiro convertido ao cristianismo na zona conhecida na época com o nome de Alto Volta, Joseph Ki-Zerbo teve que definir muito cedo uma trajectória clara para si mesmo enquanto historiador engajado, manifestando um interesse profundo e constante pelos dois projectos que são a democracia e o desenvolvimento em África. Segundo Penda Mbow, David Musa Soro, Salim Abdelmadjid, Toyin Falola, Lazare Ki-Zerbo e outros, Joseph Ki-Zerbo, enquanto jovem universitário, investiu-se no estudo da história de África, contribuindo, através das suas primeiras obras, simultaneamente para enriquecer e pôr em causa os erros da época relativamente à África, e não menos importante, o discurso racista largamente difundido da época segundo o qual a África não tinha história. Com outros historiadores nacionalistas da época, eles formaram um corpus de literatura que se tornou no núcleo da história africana enquanto domínio de conhecimentos dotado com os seus métodos e instrumentos. Uma parte importante deste esforço foi sintetizado na História Geral de África, publicado pela Unesco e cuja edição dirigiu. Mas como observam Doulaye Konaté e Thierno Mouctar Bah, no seu papel enquanto cidadão dos historiadores africanos, ele dedicou também o seu tempo à edificação da base institucional da produção e da reprodução dos conhecimentos históricos em África e em relação à África. O papel capital que ele jogou na criação da Associação dos Historiadores Africanos (AHA) não constituía senão um aspecto dos seus engajamentos em relação a isso.

A erudição de Joseph Ki-Zerbo relacionou-se com a necessidade de proteger e de promover a dignidade africana com um engajamento intelectual e político para documentar e pôr em causa as histórias de fontes diferentes. As suas obras, declarações e actividades, celebraram simultaneamente as contribuições de África para a civilização humana e o que a África deveria fazer, segundo ele, para retomar a iniciativa nas questões essenciais para o seu destino. Criticando muito as iniciativas exógenas e a própria passividade dos africanos no processo de

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