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Council for the Development of Social Science Research in Africa                +221 76 609 13 05 | codesria@codesria.org

       

       

CODESRIA

O Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (CODESRIA) tem o prazer de anunciar o lançamento da chamada para submissão de propostas para a segunda edição de bolsas para Pesquisa em Conhecimentos Indígenas e Alternativos (AFRIAK). Este programa tem o apoio da Fundação Mastercard, como parte do compromisso da Fundação com o desenvolvimento da educação e a melhoria de competências de jovens africanos.

O programa tem por finalidade implementar uma abordagem inovadora para a formação de uma nova geração de jovens, em particular mulheres, capacitando-os para conceber projectos de pesquisa e produzir conhecimento em parceria, com mentores acadÊmicos por um lado e, por outro, com detentores de conhecimento endógeno. Esta abordagem previligiarå o conhecimento local, indígena e endógeno como formas ou sistemas de conhecimento profundamente enraizados nas comunidades e intimamente ligados às suas experiências vividas. Embora estas formas de conhecimento possam estar geograficamente próximas dos jovens em África, permanecem em grande medida inacessíveis, em parte devido à predominância de conteúdos curriculares de escolas e universidades baseados em modelos ocidentais de formação .  Eles tambÊm são limitados pela natureza gerontocråtica de nossas comunidades, onde esse conhecimento Ê preservado para poucos detentores, predominantemente homens . Neste sentido, a abordagem do AFRIAK Ê inovadora na medida em que nos redirecciona para a valorização do que existe nas nossas comunidades e convida-nos a reconhecer as diversas formas como esses saberes são aplicados, preservados e transmitidos.

No seu cerne, o AFRIAK assenta na convicção de que a formação de uma nova geração de jovens, dotados de competências para produzir e aplicar conhecimento enraizado nas realidades indígenas e locais, permitirå gerar dados únicos, contextualizados e passíveis de aplicação pråtica. Acreditamos que estes dados contêm conhecimentos valiosos capazes de  apoiar/sustentar intervençþes de políticas públicas orientadas para a promoção de meios de subsistência dignos e sustentåveis, bem como para os jovens e para as comunidades indígenas e locais.

Importa salientar que a noção de “Indígena” é contestada, uma vez que a sua genealogia colonial carrega conotações pejorativas. Este programa de pesquisa e bolsas procurará examinar criticamente o termo e despojá-lo dessas conotações negativas, permitindo que o valor pleno de “aquilo que temos” nas nossas comunidades seja reconhecido, recuperado e apreciado.

Pesquisas anteriores realizadas no CODESRIA, lideradas pelo filósofo beninense Paulin Hountondji ,  analisaram o uso problemático da noção de “indígena”, associando-o à sua herança colonial e à persistente dependência científica em África[1]. Nas sociedades colonizadas, “Indígena” era contraposto a “exótico”, implicando que o primeiro era nativo, tradicional, primitivo e resistente à mudança. O conhecimento indígena (CI) era, assim, enquadrado como vernacular, não civilizado, empobrecido e supersticioso. Hountondji analisou estas formas de conhecimento, observando que a persistência dessas conotações pejorativas só fazia sentido em contextos de contínua extraversão do conhecimento em África[2]. Preferiu a noção de “endógeno” à de “indígena”, argumentando que essa reformulação recentraria África na produção de conhecimento. Este programa, embora reconheça esses debates e o peso histórico que muitos termos carregam, utiliza a noção de “conhecimento indígena” para se referir ao conhecimento orgânico à sociedade, inspirando-se no conceito de intelectual orgânico de Gramsci. Sublinha a ideia de “usar o que temos”, reconhecendo simultaneamente que o conhecimento presente na sociedade não é estático nem existe isoladamente; antes, evolui continuamente através da interacção com outros sistemas de conhecimento[3].

ACTIVIDADES DO PROGRAMA

O projecto de pesquisa e bolsas AFRIAK envolverĂĄ trĂŞs actividades inter-relacionadas, a saber:

  1. Um programa de bolsas de pesquisa, formação e mentoria para jovens.
  2. Encontros de formulação e diålogo em políticas públicas.
  3. Uma rede de ex-bolsistas e de comunidade de prĂĄtica em conhecimentos indĂ­genas e alternativos.

RESULTADOS ESPERADOS

Estas trĂŞs actividades interligadas do programa foram concebidas para facilitar o alcance dos seguintes resultados:

  1. Criar oportunidades e espaços para que jovens pesquisadores, especialmente mulheres, se envolvam na produção de conhecimento multidisciplinar e o apliquem em colaboração com acadÊmicos, activistas, profissionais de políticas públicas, detentores e guardiþes de conhecimentos indígenas.
  2. Facilitar a pesquisa colaborativa que reduza o isolamento de detentores,guardiþes eestudiosos de conhecimentos indígenas em relação a outros produtores ou guardiþes de conhecimento, contribuindo para eliminar assimetrias e compartimentos estanques nos sistemas de produção de conhecimento.
  3. Expandir oportunidades para reforçar a capacidade dos participantes, especialmente daqueles historicamente e culturalmente marginalizados, incluindo refugiados, pessoas com deficiência, mulheres jovens e jovens de åreas rurais ou de outras regiþes carentes,de aceder e investigar conhecimentos enraizados nas comunidades.
  4. Transformar o conhecimento em acção, reforçando simultaneamente a sua capacidade de criar oportunidades de trabalho dignas e satisfatórias para os jovens em vårios sectores, incluindo o sector criativo; sistemas digitais e outras indústrias; desenvolvimento curricular, pedagogia e aprendizagem; clima e ambiente; agricultura, sistemas agro-alimentares e nutrição; saúde humana, vegetal e animal, entre outros sectores com necessidades e oportunidades urgentes em África.
  5. Facilitar o surgimento de uma massa crítica de jovens investigadoras capazes e se envolver e formar futuras geraçþes de pesquisa e pråtica em conhecimentos indígenas, incluindo a utilização de novas tecnologias, como a inteligência artificial, para mobilizar e aplicar esses conhecimentos.

De modo geral, espera-se que o projecto possa conduzir à adopção e ampliação de conhecimentos indígenas e outras formas de conhecimento alternativo, servindo de base para apoiar estratÊgias voltadas para meios de subsistência dignos para os jovens e as comunidades.

ÁREAS DE PESQUISA

As propostas submetidas no âmbito desta chamada deverão incidir sobre os seguintes temas:

  • Conhecimentos indĂ­genas e mĂŠtodos de conhecimento.
  • CiĂŞncia e prĂĄticas mĂŠdicas indĂ­genas.
  • Conhecimentos indĂ­genas e sector criativo
  • Conhecimento indĂ­gena e sistemas de empreendedorismo.
  • Agricultura e sistemas agro-alimentares.
  • Mobilização de sistemas digitais para conhecimentos indĂ­genas em África.
  • Pedagogias indĂ­genas e desenvolvimento curricular.
  • Conhecimentos indĂ­genas no desenvolvimento do capital social.
  • Tecnologias indĂ­genas e desenvolvimento sustentĂĄvel.
  • Conhecimentos indĂ­genas, mudanças climĂĄticas e sustentabilidade ecolĂłgica.
  • PatrimĂłnio dos conhecimentos indĂ­genas na nutrição.
  • LĂ­nguas indĂ­genas e ciĂŞncia.
  • Conhecimentos indĂ­genas, religiĂŁo e ciĂŞncia da espiritualidade.
  • Conhecimentos indĂ­genas, sistemas de governação e construção do Estado.

PÚBLICO-ALVO DESTA CHAMADA

Esta chamada destina-se a jovens nacionais africanos com idade atÊ 35 anos no momento da candidatura, residentes no continente africano. Os candidatos devem estar envolvidos em actividades de pesquisa e produção de conhecimento que utilize, ou tenham como objetivo utilizar perspectivas de conhecimento indígena oulocal. Devem estar vinculados a instituiçþes formais de pesquisa e produção de conhecimento ou a centros de pesquisa em conhecimentos indígenas em África. Profissionais com idade atÊ 35 anos, com qualificaçþes acadÊmicas e activamente envolvidos em actividades que adoptam perspectivas de conhecimento indígena oulocal, são igualmente incentivados a candidatar-se.

AtÊ 70% dos jovens seleccionados para a bolsa serão mulheres. Em consonância com o seu compromisso com uma participação inclusiva e equitativa, o CODESRIA incentiva fortemente candidaturas de pessoas com deficiência. O Conselho implementou medidas de salvaguarda para acomodar um grupo diversificado de candidatos seleccionados.

ESTRUTURA E DURAÇÃO DA BOLSA

A bolsa incluirå um workshop de indução, trabalho de campo, uma residência num polo intelectual, um instituto virtual de meio-percurso, actividades de disseminação e actividades pós-bolsa, nas quais os antigos bolsistas contribuirão para uma comunidade de pråtica em conhecimentos indígenas e outros sistemas de conhecimento. Os bolsistas serão organizados em equipas e receberão apoio de mentores acadÊmicos, detentores de conhecimentos indígenas/locais e polos intelectuais identificados pelo CODESRIA, com o objetivo de reforçar o envolvimento acadÊmico e comunitårio. A duração total da bolsa Ê de sete meses, sendoque um desses meses serå passado num polo intelectual situado num país diferente do país de cidadania do candidato seleccionado.

MODALIDADES DE CANDIDATURA

SerĂŁo bem-vindas tanto candidaturas individuais quanto de grupo.

CANDIDATOS INDIVIDUAIS devem fornecer as seguintes informaçþes directamente no sistema de submissão:

  • Dados do CurrĂ­culum Vitae: os candidatos devem fornecer informaçþes biogrĂĄficas e profissionais essenciais.
  • Nota conceptual: os candidatos deverĂŁo preencher uma nota conceptual estruturada, com secçþes que identifiquem e desenvolvam um tema de pesquisa, apresentem uma breve revisĂŁo do corpo do conhecimento que o fundamenta, descrevam a metodologia proposta e indiquem os resultados esperados.
  • Cartas de recomendação: os candidatos devem anexar duas cartas de referĂŞncia assinadas, cada uma com o limite de uma pĂĄgina, provenientes de duas pessoas que conheçam o trabalho do grupo e que o apoiem enquanto colectivo, e nĂŁo apenas os seus membros individualmente.Note-se que as cartas de referĂŞncia tambĂŠm sĂŁo objecto de avaliação e contribuem de forma significativa para o sucesso da candidatura.

CANDIDATURAS EM GRUPO devem ser compostas por um mínimo de três e um máximo de cinco membros, sendo pelo menos 70% do grupo constituído por mulheres. A inclusão de qualquer membro do grupo que não cumpra os critérios de elegibilidade definidos na secção “Público-alvo desta chamada” implicará a desqualificação de todo o grupo.

Os candidatos em grupo devem fornecer as seguintes informaçþes diretamente no sistema de submissĂŁo de candidaturas: –

  • Dados do CurrĂ­culo Vitae: informaçþes biogrĂĄficas e profissionais essenciais de cada membro do grupo.
  • Nota conceptual: uma nota conceptual estruturada, com secçþes que identifiquem e desenvolvam um tema de pesquisa, apresentem uma breve revisĂŁo do corpo do conhecimento que o fundamenta, descrevam a metodologia proposta e indiquem os resultados esperados.
  • Cartas de recomendação: devem ser anexadas duas cartas de referĂŞncia assinadas, cada uma com o limite de uma pĂĄgina, provenientes de duas pessoas que conheçam o trabalho do grupo e que o apoiem enquanto colectivo, e nĂŁo apenas os seus membros individualmente. Note-se que as cartas de referĂŞncia tambĂŠm sĂŁo objecto de avaliação e contribuem de forma significativa para o sucesso da candidatura.

PROCESSO DE SUBMISSÃO

As candidaturas devem ser submetidas atravĂŠs do portal do CODESRIA reservado para esta bolsa, em https://codesria.org/application-form-african-fellowships-for-research-in-indigenous-and-alternative-knowledges-2026/

APENAS SERÃO CONSIDERADAS AS CANDIDATURAS RECEBIDAS ATRAVÉS DESTE PORTAL

O prazo limite para a submissĂŁo de candidaturas ĂŠ 15 de Fevereiro de 2026, Ă s 23:59 GMT

Quaisquer esclarecimentos adicionais devem ser dirigidos ao endereço electrónico afriak@codesria.org

[1] Paulin Hountondji, ‘Scientific Dependence in Africa Today’, in Research in African Literatures, Vol. 21, No. 3, 1990.

[2] Paulin Hountondji, ‘Recherche et extraversion: éléments pour une sociologie de la science dans les pays de la périphérie’, in Africa Development / Afrique et Développement, Vol. 15, No. 3/4, 1990

[3] There are similar discussions along these lines led by Yuen Yuen Ang, the Alfred Chandler Chair Professor of Political Economy at Johns Hopkins University and author of the How China Escaped the Poverty Trap.